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CUIABÁ MATO GROSSO

Violência contra crianças em Cuiabá: mais de 340 casos reportados em 2024 2qi1u

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Um levantamento preocupante divulgado pela Rede Protege, articulação intersetorial da infância e juventude, revela que Cuiabá registrou um total de 344 notificações de violência contra crianças e adolescentes ao longo de 2024. Os dados, apresentados em reunião na última quinta-feira (08) com a participação dos promotores de Justiça Daniele Crema da Rocha de Souza e Augusto Cesar Fuzaro, que integram a rede, acendem um alerta para a vulnerabilidade desse público na capital mato-grossense.

Conforme o levantamento elaborado pela Vigilância Epidemiológica do Município, foram contabilizados 227 casos de violência interpessoal e 83 de violência autoprovocada, além de 34 notificações com informações ignoradas ou em branco. A própria Vigilância Epidemiológica ressaltou a possibilidade de subnotificação, indicando que o número real de casos pode ser ainda maior.

A análise das notificações aponta que a violência atinge diferentes faixas etárias, com 28,5% dos casos envolvendo crianças de 0 a 12 anos e a maioria (58,7%) afetando adolescentes de 13 a 18 anos. Jovens de 19 anos representaram apenas 4,9% das notificações. A violência interpessoal e autoprovocada foi identificada em ambos os sexos, com maior prevalência entre adolescentes.

Em relação à cor da pele/etnia das vítimas, a maioria (61%) se declarou parda, seguida por brancos (23%), pretos (9%), indígenas (5%) e amarelos (1%), com 1% de casos ignorados ou em branco. A violência também se manifestou em diversas faixas de escolaridade, com maior incidência entre aqueles que completaram da 5ª à 8ª série (34,3%) e entre estudantes com ensino médio incompleto (13,1%).

Os tipos de violência notificados em Cuiabá em 2024 abrangem um espectro alarmante: violência sexual (43,3%), física (19,4%), autoextermínio (15,5%), psicológica (14,1%), negligência (3,6%), outros tipos (2,1%), tortura (1,8%) e trabalho infantil (0,2%).

Um dado particularmente grave é o registro de 190 notificações de violência sexual contra crianças e adolescentes na capital durante o ano ado. Destes, em 88 ocasiões, a violência ocorreu mais de uma vez contra a mesma vítima. A maioria das vítimas de abuso sexual são meninas (176 casos), enquanto os meninos representam 14 casos.

A violência sexual contra crianças e adolescentes em Cuiabá ocorre predominantemente em residências (73,7%), o que reforça a urgência de ações de prevenção e identificação de casos dentro do ambiente familiar. A via pública aparece como o segundo local de maior ocorrência (16,8%), seguida por outros locais (3,7%), comércios/serviços (3,2%), escolas (1,6%), habitações coletivas (0,5%) e casos ignorados ou em branco (0,5%).

A análise dos agressores revela um cenário complexo e preocupante: em grande parte dos casos (58), o agressor era conhecido da vítima. Namorados (48 casos), desconhecidos (20 casos), padrastos (19 casos), pais (16 casos) e ex-namorados (15 casos) também figuram entre os principais autores da violência sexual. Outros agressores identificados incluem irmãos (8 casos), cônjuges (5 casos), relações institucionais (4 casos), ex-cônjuges (3 casos) e, em um caso, a própria mãe. Houve ainda um caso com agressor ignorado.

Como parte das ações de conscientização e prevenção, o Ministério Público de Mato Grosso, que integra a Rede Protege, promoverá palestras e diálogos com estudantes de escolas da capital ao longo deste mês de maio, em alusão ao 18 de maio – Dia Nacional de Combate ao Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. A Rede Protege, composta por diversas instituições estaduais e municipais, demonstra o esforço conjunto para enfrentar essa grave realidade em Cuiabá.

Fonte: cenariomt

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