Expor a rotina nas redes sociais é um costume muito comum entre os jovens. Essa geração que cresceu com a internet tão presente no dia a dia já está na fase de ter filhos e não são poucos os casos de pais que mostram, também, as crianças e tudo que envolve o universo delas. Mais do que a preocupação da segurança em si, devido aos riscos do mundo virtual, deve haver uma preocupação com os efeitos dessa superexposição nas redes.
Siga o Sempre Dia de Ajudar no Instagram!
A psicóloga infantojuvenil Carla Saad lembra que o primeiro ponto, claro, é pensar na segurança da família e em questões relacionadas a roubo de identidade, pedofilia e cyberbullying, por exemplo. Ela reforça, porém, a necessidade de cautela sobre esse assunto porque ainda não há muitas pesquisas específicas que analisem os efeitos dessa exposição ao longo do tempo. “Isso é muito novo porque são as primeiras gerações que têm a vida exposta na internet”, afirma.
De acordo com a psicóloga é preciso, além de responsabilidade, ter empatia sobre os conteúdos publicados. “Eu sempre falo para os pais pensarem em como os filhos vão reagir, daqui a alguns anos, quando virem essas publicações”, alerta. As redes sociais, porém, fazem parte da vida de muitos, por isso o diálogo também é essencial, especialmente para crianças maiores e adolescentes.
“Os pais são responsáveis por esse cuidado e esse zelo da privacidade, da imagem das crianças e adolescentes. A criança pequena não consegue expor a vontade sobre exposição ou não, mas os mais velhos já conseguem fazer isso”, orienta Carla.
Construção da personalidade 5w303g
Hertz Wendell, professor de psicologia do consumidor da Universidade Federal do Paraná e doutor em estudos da linguagem, estuda neurociência do consumo. Ele compara essa vivência ao que a publicidade faz, por exemplo, na construção de personalidade de uma pessoa.
Acompanhar o que os filhos consomem, na internet, portanto, segundo o professor, é fundamental. E envolvê-los em publicações nas redes sociais pode sim ser prejudicial. “Quando a marca cria uma conexão com as pessoas, fica para sempre com o consumidor nos comportamentos e desejos. Imagina uma criança, o quanto ela vai absorvendo de informação, imagem e discurso. Isso constrói a individualidade dela”, acredita ele.
É por isso que Hertz defende que as escolas em a oferecer uma disciplina de educação midiática, que explique para as crianças o que a mídia faz. Ele lembra de um caso recente de um jovem que tirou a própria vida depois que se expôs na internet e foi duramente criticado. “Impacta a autoestima. Se você não tem uma preparação dessa criança ela não entende o mecanismo da internet e que você pode ser amado ou odiado”, destaca. Ele reforça que os filhos precisam saber que essa aceitação ou rejeição não pode mudar a vida deles.
A exposição a julgamentos no universo virtual também é uma preocupação da psicóloga. A aprovação sobre o próprio comportamento, relacionada a reação das pessoas em redes sociais pode interferir diretamente na autopercepção e autoestima. “Se não repercutiu de forma positiva nas redes ou não teve muitos comentários é porque não sou bom o suficiente”, exemplifica. Esse tipo de pensamento deve ser combatido.
“Mini-influencers” 5k6g6j
Carla também ressalta a onda de influenciadores mirins que, com destaque em plataformas de vídeo, acabam virando garotos-propaganda de marcas famosas e se veem obrigados a enfrentar rotinas de trabalho ainda na infância. “Tem uma linha muito tênue entre diversão e obrigação. Temos que pensar que são crianças que precisam se divertir e viver plenamente essa fase da vida”, analisa. Ela ainda questiona se algumas acabam submetidas a níveis de estresse e ansiedade. E isso é o que não pode acontecer.
O alerta é importante também porque tudo o que é divulgado na internet pode tomar proporções nunca antes vistas. Para Carla, ter os filhos expostos para o mundo todo é arriscado a partir do momento em que não se sabe o que as pessoas farão com aquele conteúdo. A psicóloga esclarece, todavia, que as redes sociais fazem parte do cotidiano e podem, sim, ser uma ferramenta positiva. “Tem muito de compartilhar histórias com os outros e receber afeto, mas tem que ter cuidado”, conclui.
Fonte: semprefamilia.com.br