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Cuiabana formada na Le Cordon Bleu inaugura loja de bolos afetivos e doces finos

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Enquanto as outras crianças queriam ganhar brinquedos de presente, a cuiabana Blenda Costa Marques Biancardini, de 23 anos, lembra que já se encantava pelo universo dos doces e pedia kits de a nos aniversários. Desde que se formou, em 2022, o que era brincadeira de criança se transformou quando ela descobriu a pâtisserie. Hoje, ela comanda a própria produção no Atelier Lamaya, uma pequena confeitaria especializada em doces finos e bolos afetivos. 


A marca nasceu em 2023, mas a história que levou até ela foi construída em etapas em uma jornada de muita coragem, conta Blenda ao Olhar Conceito. Antes de fundar o Atelier Lamaya, ela se mudou sozinha para São Paulo (SP), onde tinha o sonho de se especializar em pâtisserie na Le Cordon Bleu, que é uma instituição de referência na área. A escola se tornou conhecida dos leigos da gastronomia por estar entre uma das premiações do reality show Masterchef, mas já fazia parte dos sonhos mais profundos da cuiabana. 
Fui para São Paulo ‘meio no cego’, meu pai que iria ‘bancar essa brincadeira’ e ele não tinha certeza se iria conseguir o dinheiro. Comecei a trabalhar lá mesmo, fiz o estágio mesmo sem ter certeza de nada. Ele me confirmou que tinha conseguido fazer a matrícula e eu chorava de emoção, fiquei muito feliz. Fiquei nove meses lá, é o tempo do curso, tirei o diploma completo”. 
“A experiência lá foi ‘louca’, de outro mundo, depois que vamos para um lugar tão alto, a nossa régua sobe muito. É uma coisa que aqui a gente não tinha muito, todo mundo faz meio que a mesma coisa, não tinha ninguém fazendo algo diferente”, completa Blenda.
Na capital paulista, a cuiabana ainda realizou outro sonho: estagiar na confeitaria Soul Sweet. “Já conhecia eles, saí mandando currículos para várias empresas, mas eles me aceitaram e eu queria eles. Calhou de que bem quando terminaria o estágio, começariam as minhas aulas”.  
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O trabalho da Blenda é minucioso. Cada doce fino é tratado como uma pequena joia. O cuidado começa pela escolha dos ingredientes: ela utiliza insumos importados ou de produtores específicos, como fava de baunilha natural e doce de leite mineiro, comprado no interior de Minas Gerais. “Depois que a gente conhece o melhor, é muito difícil abaixar o nível. Temos todo um cuidado. Realmente, cada bombom que sai é um filho.” 
A estética também é parte essencial da proposta. Ainda na época da escola, antes mesmo da faculdade, ela já se preocupava com o visual. “Tenho a fotografia como hobby. Eu que faço minhas fotos, tenho um pezinho em tudo. Desde o começo, sabia que não adiantaria ter um doce bonito em uma embalagem mais ou menos — ou vice-versa.”
Os bolos afetivos, linha mais recente do Atelier, surgiram como forma de se aproximar do dia a dia do público. São versões mais simples, mas com a mesma qualidade e apresentação cuidadosa. “É um bolo de cenoura, mas vai ser o melhor. A caixa vai ser bonita. Quero tudo perfeito.” A ideia é atender pequenas comemorações, cafés da tarde e eventos corporativos, já que os doces finos e bolos recheados costumam ser mais procurados aos fins de semana.
A primeira grande oportunidade veio de forma inesperada, quando ela foi chamada para montar uma mesa de doces para um evento da marca O Boticário. “Acho que tinha dois meses de empresa e quase nenhum cliente. Era tipo 18h quando me ligaram e pediram a mesa para o dia seguinte. Nem tinha CNPJ ainda, precisava emitir nota fiscal. Resolvi tudo em menos de 12 horas, virei a noite. Graças a Deus deu tudo certo.”
A paixão pelos doces nunca deixou dúvida sobre o rumo que queria seguir. Ainda durante a faculdade, Blenda ou por diversos estágios — em eventos, hamburguerias e restaurantes como o Canto e o Seu Majó — mas nunca se adaptou à cozinha salgada. “Sou dos doces. Gostava da adrenalina do restaurante, da correria, e vi que o evento tem essa mesma energia. É um atendimento muito personalizado, cada cliente tem uma proposta diferente. Quero seguir nesse caminho, fazer casamentos, por exemplo.”
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Blenda tem planos de expandir e estuda abrir um ponto físico para trabalhar com pronta-entrega, uma demanda crescente entre os clientes que desejam encomendar algumas das joias produzidas por ela. Nos próximos dias, a cuiabana também vai voltar para São Paulo para um novo curso, agora na área da chocolateria — uma das suas paixões, mesmo com os desafios do calor cuiabano.
“Na parte de bolos, faço os bolos afetivos e os festivos, que são para festas, bolos recheados, tenho sobremesas nas travessas, tenho tortas também. Faço os doces finos, é uma área que gosto de focar, estou indo para São Paulo para fazer um curso de chocolateria, é uma área que gosto muito, gosto muito de trabalhar com chocolate, apesar de aqui ser muito calor. Por isso que muitas pessoas acabam trabalhando com cobertura, que é um chocolate de qualidade inferior, mas segura mais no calor”.
“No entanto, depois que a gente conhece o melhor, é muito difícil abaixar o nível. Temos todo um cuidado, realmente cada bombom que sai é um filho”, compara. 
Além disso, sonha em incluir, no futuro, uma pequena padaria com produtos de viennoiserie na confeitaria, como croissants e brioches. Para Blenda, o caminho até conseguir abrir o Atelier Lamaya no entanto, exigiu resiliência.
“Não foi fácil para os meus pais aceitarem a gastronomia. Meu pai é bem conservador: ‘Direito e Medicina é o que dá dinheiro’. Mas eu tive que bater muito de frente, mostrar que era o que eu queria.” Aos poucos, a dedicação venceu o ceticismo. “Hoje meus pais estão muito felizes. É muito legal ver que hoje dou orgulho para minha família.”
E como ela mesma diz: alguém precisava ser a primeira. Apesar de ter apenas 23 anos, Blenda sonha em se tornar referência em doces finos e de base clássica em Cuiabá. “Bolo vulcão, por exemplo, hoje todo mundo faz, mas a primeira pessoa que trouxe foi a Simone Klauk. Aqui, alguém tem que ser o primeiro nessa linha um pouco mais fina, um pouco mais sa, com doces de qualidade maior. Quero ser uma virada de chave nessa área.”
 

 

Fonte: Olhar Direto

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